quinta-feira, 29 de julho de 2010

Escravos da Tecnologia

Incontestável afirmação que permeia as nossas relações atuais de várias formas. Somos fruto do meio em que estamos e grande parte do nosso entendimento de nós mesmos e dos outros se dá nesse meio.
E hoje, somos escravos da tecnologia... Essa expressão pode parecer um pouco exagerada, talvez uma tentativa literária de dramatização e ênfase no texto, porém, deixe acontecer um apagão, como houve aqui no Brasil em 2008, lembram-se? O Caos urbano, a sensação de que nada podemos fazer, perdas em dinheiro, material, enfim, tudo se instaurou pela falta da energia elétrica, o que me remete ao fato: Somos escravos da tecnologia.

E essa influência se dá em várias formas, vou tentar elaborar essas idéias nesse post, se achar que é muita coisa, posso dividir em parte, mas por hora vai tudo aqui.

Para mim, a principal conseqüência desse avanço tecnológico é o imediatismo com que as situações ocorrem e com a qual nós necessitamos que ela ocorra.
A superficialidade das relações é o fruto desse imediatismo, ficamos com uma pessoa aqui, outro dia com outro ali e semana que vem esquecemos os nomes deles (as), sem dizer claro, de ficarmos com 5, 10 na mesma noite e tampouco soubemos um desses nomes.
Não que isso seja errado, apenas uma característica do momento histórico, como todas as outras, também geram questões por assim o serem.
Nesse caso, o vazio é a maior conseqüência da fragilidade das relações, completamos os vazios de nossa existência com o colocar de pessoas (ficantes, fuckyfriends, sexo por apenas uma noite etc) e então experimentamos o prazer da liberdade, da pluralidade de escolha, da libertação sexual feminina e no dia seguinte ou em um dia ruim, uma semana depois, o vazio continua a persistir em nós.
Recorremos à agenda do celular, Orkut, twitter e etc para buscarmos novas companhias e preenchimento dos vazios.

Num próximo post abordarei outras questões influenciadas pelo nosso modo de vida atual.

Saudades desse nosso espaço aqui.

Beijos
Andreas

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Gostei, mas nem tanto...

Dizem que a insatisfação é o que move o ser humano. Eu diria que, pelo menos, boa parte do ciclo de vida feminino é alimentado, impulsionado e pentelhado pela insatisfação.
É aquilo, você passa anos-luz buscando uma blusa de um certo modelo. Incrédula, você encontra a bendita! Quaaaaaase inicia o ritual saltitante das peruas, mas este é interrompido abruptamente pela visão de uns botões gigantescos, horríveis, de uma cor totalmente nada a ver e super bem fixados que a blusa tem. E aí rola o impasse: pego ou não pego? E se eu não levar e sonhar com a blusa depois? E se eu levar e os botões forem irremovíveis? E se eu tiver pesadelos nos quais os botões me perseguem?
Sábado passei por um dilema desses. Eu queria porque queria uma Melissa aranha. Das antigas, vintage, pra lembrar de como minha infância foi doce e traumatizante. Mas lançaram um tal modelo com um PUTA LAÇO na frente. Sério, eu amo laços, mas era um laço digno de cabeça de Minnie Mouse e eu nem a pau andaria com um trem daqueles. Enfim, movida pelo fogo no rabo da nova aquisição, mas balançada pela grande insatisfação do laço, levei a sandália. Foram horas intermináveis tentando remover o laço, correndo o risco de ter pago uma grana num sapato que poderia ficar com um buraco. Tirei o bendito e saí feliz e saltitante com minha sandália semi-deformada (mas que pelo menos não tinha um laço gigante).
Insatisfeitos, todos nós somos.
Saímos com o cara-que-tem-tudo-pra-dar-certo, mas poooooo... só tinha uma coisinha nele capaz de estragar todo o resto. Entramos no relacionamento-mais-que-perfeito mas que começa a desandar e não ser bem o que tínhamos em mente. Começamos uma amizade super-empolgante, mas a pessoa não era exatamente como parecia ser.
Às vezes, a grande insatisfação carrega consigo conteúdos de extremo controle. Nos mostra um dos nossos piores defeitos: o de torcer o bico para as coisas, as pessoas, as situações da vida e não ter a acapacidade de flexibilizar. Nos mostra o quanto priorizamos que as coisas sejam do nosso jeito, da cor imaginada, com as manias toleráveis, longe do irritante, do diferente, do impensado.
Mas tudo isso tira um pouco da graça das coisas.
Algumas situações exigem que laços sejam cortados, botões arrancados, vínculos espaçados/estreitados/repensados; exigem que tentemos fazer algo diferente, que não seja nem uma aceitação completa, nem uma rejeição categórica. Jogo de cintura, flexibilização, virar café com leite ou aprender a se moldar à vida ao invés de tentar moldá-la ao seu modo... tanto faz. Às vezes é simplesmente o melhor caminho.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Confissões de uma Housewive (desesperada!)


O que aconteceu foi o seguinte: meu pai teve que fazer uma segunda cirurgia, incluindo remédios, repouso, recuperação e todas as fases do luto pelo fêmur quebrado. A mãe, passou num concurso público, e não pôde mais ficar com ele e auxiliá-lo. Meu irmão não sabe cozinhar, não faz nem gelatina e também não parece disposto a aprender. Eis que fui escalada para tirar umas semanas (ou meses) do trabalho e ficar em casa, com meu pai.
De início pareceu fácil, até porque ele adquiriu uma autonomia legal pra fazer uma porrada de coisas que até agora eu não consigo imaginar como uma pessoa consegue fazer usando muletas e sem poder encostar um pé no chão. Whatever, assim começou minha jornada em casa, como pseudo-dona de casa.

Adianto que nunca fui profunda conhecedora do drama doméstico... comecei a trabalhar bem cedo, mal parava em casa, então poucas vezes na vida lasquei meu esmalte lavando louça. Admito. Bem dizem as mães resmungonas que o serviço doméstico é a coisa mais ingrata que há no mundo. É mesmo.

Vamos aos fatos:

- não importa quantas pessoas estejam em casa, sempre, sempre, muitos copos estarão sujos em poucos minutos após você ter terminado de lavar a louça. Pessoas tem o incrível dom de usar todos os copos possíveis e imagináveis (do escorredor, do armário, até copo trincado neguinho pega só pra não lavar a louça);

- tirar restos de comida do prato é luxo. E claro, a encarregada da louça tem que cuidar de toda aquela coisa que sobrou no prato de tooodo mundo. Isso quando não tem uma visita folgada que resolve colocar o prato com os restos na pia! Adivinha? Entope! Porque ao contrário dos filmes americanos, minha pia não tem triturador e eu não tenho um encanador gostosão pra chamar. Ah, o ralinho é outra coisa cruel, né? Sem comentários quanto a isso... gostaria de um triturador pra não ter que passar por isso;

- algumas pessoas pensam que, enquanto cozinham, tem uma câmera escondida transmitindo as imagens pra algum programa da tarde. Essas gostam de picar cada ingrediente e colocar num potinho, deixar tuuuudo semi pronto, picar 300 ingredientes e sujar 300 potinhos. Meu pai é um desses aí. Paciência.;

- cozinhar é para os fortes. Exige um quê de auto-estima inabalável e muita criatividade. Primeiro que, cedo ou tarde, sua família começa a esculachar sua comida, seja porque cansam, porque cada um preferia um prato, porque família não é família sem uma sapateada no seu ego e pra isso dá-lhe auto-confiança par permanecer firme e forte nas tarefas do lar. Segundo porque cada dia você precisa cozinhar uma coisa e chega uma hora que não há cybercook que te salve; você deve usar sua criatividade para misturar coisas, fazer gororobas apetitosas (ou pelo menos comestíveis);

- estender roupas dá uma puta dor nas costas. O.k., é exercício, você se alonga, blá blá blá, mas ô atividade chata, viu. Depois, quando começa a gotejar, só dá a louca descabelada correndo e arrancando tudo dos varais. Detalhe: uma dona de casa insana é facilmente identificável pelos pregadores que ela coloca na barra da blusa que está usando (e às vezes esquece de tirar heheheheheh);

- produtos para microondas nunca falam a verdade. Se a embalagem diz "8 minutos", aposte que ou serão 6 ou 10, e você só descobre comendo lasanha queimada ou um hot pocket com um iceberg no centro do hamburguer;

- o óleo sempre espirra quando algo molhado é colocado dentro da frigideira. Aprendi isso da pior forma possível;

- alguma coisa esquecida sempre é lembrada quando a compra já passou pelo caixa do supermercado;

- animais de estimação tendem a fazer mais sujeira do que a família toda. Ainda assim, algumas vezes preferimos os animais de estimação.


Besos!